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O tempo voa! – Uma conversa entre gerações de aviadores

gerações de aviadores

Falta Piloto? Há controvérsias

Voar é o sonho de muita criança. Eu fui uma delas. Nas décadas de 60/70, a decisão de se tornar piloto comercial e ingressar em uma companhia aérea era motivada tanto pela paixão pela aviação quanto pela busca por estabilidade profissional, muitas vezes vista como uma carreira para toda a vida. Ser piloto de linha aérea naquela época era, de fato, um status profissional muito desejado, muitas vezes retratado como uma carreira glamourosa e prestigiada.

A expansão da rede aérea nacional e internacional obrigava as empresas aéreas a fomentar a formação e a qualificação de novos pilotos. Nessa época, as empresas tinham as suas próprias escolas. A Varig, por exemplo, tinha a EVAER. A Cruzeiro tinha a sua, assim como a Panair, a Real, entre outras. Os iniciantes geralmente voavam o PT-19, o Vultee BT-15, ambos aviões monotores para aprimorar o aprendizado.

As escolas de aviação, como a Escola Varig de Aeronáutica, desempenhavam um papel crucial na formação desses profissionais. Os editais de convocação publicados em jornais eram uma maneira comum de atrair potenciais candidatos interessados em seguir essa carreira. A Varig, como uma das principais companhias aéreas da época, buscava os melhores talentos para compor sua equipe de pilotos.

Geração de Aviadores Varig

Nesse período nostálgico da aviação, todos sonhavam em voar o Douglas DC-3, um dos aviões mais proeminentes

Outros tempos

É fascinante como a dinâmica da aviação comercial era diferente naquela época em comparação com os padrões atuais. Com várias companhias aéreas competindo por talentos e oferecendo escolas de formação de pilotos, os entusiastas tinham uma variedade de opções para escolher onde iniciar sua carreira.

A lealdade dos pilotos às companhias aéreas era muito forte. Uma vez promovido a Comandante, o piloto se tornava um representante da empresa e tinha uma conexão profunda com ela, muitas vezes permanecendo na mesma empresa até a aposentadoria. A estabilidade no emprego era alta e mudar de empregador era algo raro.

Atualmente, a carreira de piloto de linha aérea apresenta desafios diferentes em comparação com décadas passadas. Embora o acesso à formação em ciências aeronáuticas possa ser mais amplo, graças à disponibilidade de cursos presenciais e a distância, os custos associados à obtenção das licenças e horas de voo necessárias podem ser proibitivos para muitos aspirantes a piloto.

O investimento financeiro e o comprometimento de tempo e esforço são consideráveis. Para obter a licença de Piloto Privado, é necessário passar por um treinamento rigoroso e acumular 40 horas de voo, o que pode representar um desafio financeiro para muitos.

Além disso, a busca por uma licença profissional, como a de Piloto Comercial, requer ainda mais dedicação e estudo, juntamente com o aprimoramento do idioma inglês, que se tornou uma habilidade essencial. Por incrível que pareça, antigamente não era uma exigência.

Embora a carreira de piloto ainda seja vista como prestigiosa e emocionante, o caminho para chegar lá pode ser desafiador e exigir um grande compromisso. Para alguns, o sacrifício vale a pena, enquanto outros podem considerar outras opções profissionais mais acessíveis ou menos exigentes. É uma decisão pessoal que requer uma cuidadosa consideração dos prós e contras.

Geração de Aviadores
Douglas DC-3 PP-CBV America do Norte… Porto Velho RO – 1968. Vôo Rio Branco- Porto Velho – Humaitá – Manicoré – Manaus

 

No mercado de trabalho atual, os pilotos podem encontrar uma variedade de oportunidades, desde voos regionais até voos internacionais em grandes companhias aéreas. No entanto, o mercado é mais competitivo e garantir um emprego, especialmente no exterior, pode exigir experiência prévia e habilidades específicas.

É verdade que a situação atual da indústria da aviação apresenta algumas contradições. Por um lado, há uma crescente demanda por pilotos em todas as classes de voos, impulsionada pelo aumento do tráfego aéreo global e pela expansão das companhias aéreas em mercados emergentes. Por outro lado, há um número significativo de pilotos desempregados ou subempregados.

Várias razões podem contribuir para essa disparidade. Uma delas é o descompasso entre a demanda e a oferta de pilotos em diferentes regiões do mundo. Enquanto algumas áreas enfrentam escassez de pilotos devido ao rápido crescimento da aviação, outras podem ter um excesso de pilotos devido a uma redução na atividade da indústria ou a fatores econômicos.

Além disso, mudanças na indústria, como a consolidação de companhias aéreas, fusões e aquisições, podem levar à redução de postos de trabalho para pilotos. A automação e o avanço tecnológico também podem impactar a demanda por pilotos em algumas áreas, embora ainda haja uma necessidade significativa de pilotos qualificados em muitos aspectos da aviação.

Em suma, enquanto a demanda por pilotos continua a crescer globalmente, o mercado de trabalho para pilotos pode ser complexo e competitivo, com variações regionais e desafios específicos a serem superados.

Boa sorte e bons voos!

 

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Marco Snato

Autor: Marco Snato

Marco Santo, PLA 1675, 25 mil horas de voo, das quais 11 mil em Boeing 727. Editor, Autor, Interessado em aviação.

Categorias: Artigos, Coluna, Marco Santo, Setor Aeréo

Tags: Aviadores, Marco Santo