Há quase uma semana o Rio Grande do Sul vive a pior tragédia de sua história. Menos de nove meses depois de enfrentar enchentes que arrasaram cidades inteiras do interior, o estado gaúcho agora passa por cheias muito maiores, mais rápidas e mais violentas. Dessa vez, os estragos da água começaram por regiões previamente devastadas (que ainda se recuperavam dos últimos desastres) e agora afetam também a capital Porto Alegre e Região Metropolitana.
As redes sociais, que normalmente estão cheias de registros das belezas e a cultura do Rio Grande, foram tomadas por um tsunami de imagens horríveis. Ao mesmo tempo, fotos e vídeos do amplo esforço aéreo em apoio aos gaúchos também viralizaram. Adultos, bebês, idosos, animais. Todos tirados dos telhados de casas – o último reduto de sobrevivência – pelas asas rotativas, fosse de agências de segurança pública ou por aeronaves das forças armadas.
A primeira resposta aérea veio, logicamente, por meios do próprio Governo do RS, especificamente o Batalhão de Aviação da Brigada Militar (BAv BM), a Divisão de Operações Aéreas da Polícia Civil (DOA/PCRS) e a Companhia de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar (COAr/CBMRS). Os Koalas e Esquilos gaúchos logo foram reforçados por um par de helicópteros H-60 Black Hawk do Esquadrão Pantera da Força Aérea Brasileira (FAB).
Não demorou muito para que mais estados e o Governo Federal enviassem mais aeronaves para o Rio Grande do Sul. Em paralelo, diversos empresários também se uniram. A situação atual: o tráfego aéreo no Rio Grande do Sul está tomado por helicópteros.
Segundo o Ministério da Defesa, 32 helicópteros estão empenhados em diversas missões. Busca e salvamento, evacuações aeromédicas, transporte de tropas e logística de mantimentos, carregando remédios, alimentos, água e até mesmo geradores. Até às 11 horas de domingo (05), estima-se em mais de 25 mil pessoas resgatadas por via aérea, terrestre e fluvial.
A água que encheu as bacias de rios como Taquari, Caí, Jacuí e Sinos “desceu” para o Guaíba, que banha a capital e cidades adjacentes. A cheia foi rápida e devastou municípios como Guaíba, Eldorado do Sul e Canoas, além de causar enchentes em partes de Porto Alegre, forçando a evacuação de moradores.
#OperaçãoTaquariII
Força Aérea Brasileira: SEMPRE PRESENTE ONDE O BRASIL PRECISAR!
Coordenação: Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE)#FAB #AsasQueProtegemOPaís #ANossaForçaOndeOBrasilPrecisar #FAB24hNoAr #AsasQueSalvam #Military #AjudaHumanitária #ForçaRS #COMAER #COMAE… pic.twitter.com/IVFKZjs441— Força Aérea Brasileira 🇧🇷 (@fab_oficial) May 5, 2024
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🚨 ATUALIZAÇÃO: Mais de 190 pessoas salvas, quase 30 animais resgatados e seis pacientes transportados pelas equipes de Aviação PMESP no Rio Grande do Sul
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— Polícia Militar do Estado de São Paulo (@PMESP) May 5, 2024
Agora, os voos estão concentrados na região do Guaíba. O vai e vem de rotores é intenso. Começa cedo, com o primeiro raiar de luz, e diminui à noite. Apenas alguns helicópteros militares podem voar sem a luz do sul, com os tripulantes usando os óculos de visão noturna.
Homens e mulheres, vestindo macacões verde-oliva, roupas táticas pretas ou camufladas e trajes impermeáveis. Civis e militares tripulam máquinas que muitos nunca viram de perto. Justamente agora, eles precisam chegar muito perto para que as vítimas possam embarcar. O resgate só chega de barco ou de helicóptero, uma vez que ruas e avenidas só existem embaixo de uma funda água marrom, que esconde as casas, muitas das quais só se vê os telhados. Telhados onde pessoas esperam pelas aeronaves, pelas lanchas, botes…
Com o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, as aeronaves pousam e decolam principalmente da Base Aérea de Canoas e do campo do 3º Regimento de Cavalaria de Guarda, este último na Zona Leste de Porto Alegre. Na rotina dos últimos dias, o som do bater de rotores é constante. Chega ao ponto de podermos identificar com facilidade qual aeronave se aproxima, apenas pelo ruído.
Jaguares, Panteras e Fennecs. Black Hawks, Esquilos, Koalas. Águias, Falcões, Guapos. Resgate, Exército, SAR. Não importa o modelo, tampouco matrículas e brasões, menos ainda pinturas e códigos de chamada. Seja verde, branco, cinza, vermelho ou preto. Nos céus do Rio Grande do Sul, giram os rotores da esperança da vida. Para todos, a proa é a mesma: salvar.
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